Uma vez Conselheiro(a) Tutelar, sempre Conselheiro(a)
Em Março de 2006 entrei para o Conselho Tutelar de Pouso Alegre. Confesso sem nenhuma vergonha de que quando assumi o cargo, mal sabia o que um Conselheiro Tutelar fazia.
Aos poucos fui percebendo a grandeza e a responsabilidade desta função. Comecei a estudar e a correr atrás de respostas para os problemas que surgiam diariamente e cada vez em uma proporção maior.
Fui entendendo que o órgão "Conselho Tutelar", pouco consegue fazer se não tiver no municipio uma rede de atendimento articulada e principalmente um CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) atuante. Pois diferente do que a maioria da sociedade pensa e muitas vezes grande parte das autoridades, o Conselho Tutelar não é um órgão de execução, ele é um órgão de encaminhamento, ou seja o Conselho Tutelar recebe a demanda e encaminha para os órgãos que podem resolver o problema apresentado.
Passei a entender também o tanto que é importante a construção de um diagnóstico. Justamente pela falta de entendimento correto do órgão, as pessoas procuram o Conselho Tutelar pra tudo e desta forma o Conselho Tutelar passa a ter um diagnóstico completo das demandas do municipio. Este diagnóstico deve ser apresentado ao CMDCA que é um órgão deliberativo, que tem entre suas atribuições a função de deliberar junto ao executivo a implementação de politicas públicas voltadas a demanda apresentada.
Foram quase 07 anos dentro do Conselho Tutelar. Muitos momentos tristes, mais também vivenciei muitos momentos felizes que me faziam peceber que valia a pena estar ali.
O que digo com toda a segurança: ser Conselheiro Tutelar é ser missionário(a), escolhemos trabalhar com a vulnerabilidade, com a tristeza da vida das pessoas, por isto afirmo que somos pessoas especiais.
Agradeço a Deus todos os dias minha passagem pelo Conselho Tutelar. Com certeza hoje eu sou uma pessoa muito melhor.
Sou uma apaixonada pela causa e por este motivo jamais deixarei de ser Conselheira.
Minha luta agora é para que Conselheiros Tutelares atuem de forma a fazer realmente a diferença na vida de crianças e adolescentes. Luto para que a sociedade passe a ver o Conselho Tutelar com outros olhos, que entendam que o Conselho é um órgão de proteção e não de punição, que o Conselho Tutelar atua quando crianças e adolescentes estão tendo seus direitos ameaçados ou violados. Luto para que a rede de atendimento que faz parte do SGD atue de forma eficaz. Luto para que haja respeito entre todas as autoridades envolvidas com esta causa e para que todos entendam que dentro do SGD, cada um tem o seu papel e a sua importância.
Enfim a responsabilidade é de todos nós e não podemos nunca nos esquecer de que criança e adolescente devem ser "Prioridade Absoluta Sempre".
Abraço carinhoso a todos.
Maduca Lopes
Ex Conselheira Tutelar
Consultora do Projeto Ser Social.